quinta-feira, 26 de novembro de 2009

As unhas, a distância e o tempo

Texto e foto: Enio Moraes Júnior



















Sutis, prolongam o toque
Maliciosas, tocam o tesão
Mudam tamanho, cor, admiração

Roídas e curtas, longas e coloridas
Esperam ansiosas chegadas e partidas
Cintilam ao vento ou rezam escondidas

Ousadas, arranham as costas, o coração
Cruéis, beliscam. E julgam ter razão!
Diáfanas, teimosas, milhares
Caras de futuro, de todos os lugares

Cronômetros de pés e mãos
Emergem dos dedos e sem consentimento
Continuam a brotar, a calar, a lutar
Sempre altivas na distância e no tempo

Os pronomes e as mãos

Enio Moraes Júnior

Estas mãos que me seqüestram
Que me embriagam de tanto me querer
Estas mãos que se vão e se vêm
Num meio que meio sem saber
Mãos de seda, de solda, de sou
Mãos de meias, de inteiras, de quase

Essas mãos que me prendem e me perdem
Que e pedem e me espreitam
Essas mãos que se vão
E se vão, vão nesse vão
Mãos de sóis, de luas, de imensidão
Mãos de meias, de inteiras, de tudo

Aquela mãos que me abrem
Que me escutam, que me auscultam
Aquelas mãos que se vão
Que jamais chegarão
Mãos de dúvidas, de sonhos, de solidão
Mãos de inteiras, de meias, de nada